bitter coffee and japanese cigarettes



Monday, July 19

a city of homes

uma da manhã, preenchemo-nos da infância e de tabaco, exceto que me aliei às máquinas e tu permaneces fiel aos hábitos.
-tens a certeza que não preferes um destes?
que resposta podemos ter para quem nunca se apagou nos silêncios? quando me tocou a face – posso?, voz parda - achei que morria ou chorava, qual deles o pior. habita uma vulnerabilidade bélica nos poros da minha pele e ele continuou a respirar, contornando as minas dérmicas, espécie de resgate cinematográfico. quantos anos se passaram, kwon? há tempos que correm a velocidades diferentes.

Thursday, June 24

incêndio

quem sou? não recordo quem afastou as cortinas e abriu as janelas nem quando reparei no pássaro suspenso, tento chamá-lo mas engasgo num uivo, o pássaro sobressalta-se e não o encontro mais, o pássaro. são-me anónimos quem não distingo. o chá gela, ou as pontas dos dedos e depois todo o corpo enquanto tento recordar com quem me confundi.
uma buzinadela ao fundo da rua, era um hábito do avô mas o avô já não está, nem tu. quero voar também, suspender o tempo, a alcateia morta aos meus pés e finjo que não é loucura nem suicídio.

Monday, May 17

procuram-se


recolhi as entranhas dos escombros homónimos e sai do gabinete, últimas imagens num hotel em Los Angeles imagino. mas é só o porto e ele à porta à espera, o coração mal arrumado salta fora. beijo-o, a adrenalina nos poros e nas pontas dos dedos e no terror. viajamos para fugir de algo mas acabamos sempre aqui. coabito este casulo, meio despida, rego as plantas antes de deitar.
quero molhar os pés no mar, digo-lhe.
de noite?
quando não me vejo.
não fomos ao cais não morremos hoje estamos internados ninguém para cuidar de nós, apenas a chuva num vídeo. arrumo melhor o coração, na cavidade com espaço suficiente para bater e fazer barulho. ouves? mas ele já falecido nos flancos. tenho um medo súbito de ficar só comigo mesma, atemorizam-me os estranhos. estou tão longe do mar, por isso choro. na manhã seguinte dois corpos que não dão à costa.
Bitter Coffee &
Japanese Cigarettes

"birds scream at the top of their lungs
in horrified hellish rage
every morning at daybreak
to warn us all of the truth,
but sadly we don't speak bird"
k.c.

(coffee) (cigarette)