Tuesday, March 29

you are my home now but i'm afraid i will have to move out someday


o tempo serpenteia doente. sob as pálpebras e por entre as entranhas do delírio adormecido eu mato-os, um a um, por via de outros. levo-os-outros ao banco dos réus instantes antes de acordar submersa no remorso e na culpa e, doutor?, é possível adormecer sem dormir?

o tempo serpenteia doente. cheira a jeu d’amour a pele de uma defunta na hora do abraço hipócrita.
mas eu amo a cria órfã.

olho-me e olham-me.
                                    colisão viperina.
um espelho reflete olhos familiares que envenenam e questões laminadas fazem jorrar críticas íntimas, porque sou uma casa e toda eu uma família. de um ângulo morto consigo ler as linhas da mão ou sei-as de cor
talvez a minha voz seja marulho e eles pessoas-felinos.
repilo-os.
divorcio-me ou visto de negro.

1 comment:

Catarina Prata said...

O tempo está sempre doente, embora a isso se negue.
Ser-se sempre uma casa para dormir sem culpas.
Han, um abraço dos nossos.

Bitter Coffee &
Japanese Cigarettes

"birds scream at the top of their lungs
in horrified hellish rage
every morning at daybreak
to warn us all of the truth,
but sadly we don't speak bird"
k.c.

(coffee) (cigarette)