latejam os nós corroídos dos dedos, lamelas de sabão azul cravadas de me ter esfregado o corpo com a veemência de quem quer apagar o odor do inodoro - no lavatório, terror caseiro de quem habita torres de betão. e depois espremi-me e debruçada sobre a escrita espero secar. ouço o trânsito lá fora, creio ter lido algures que não era suposto ou então alucino, continuo a esperar até se entranhar o frio.
talvez me tenha contorcido em excesso e faltem as palavras, por isso peso-me pela primeira vez em meses. carregava o peso da crença de ter engordado uns três quilos, mas perdi dois. talvez tenha fugido parte da alma, convenço-me, sei que desmaiei uma destas semanas.
volto a sentar-me e o mofo cambaleia moribundo e impregna-se nos seus semelhantes. às vezes é melhor não mexer nem mudar nem benzer nem lavar. tenho tanto para dizer mas os pensamentos são agora borrões de tinta, uma etiqueta cortada e perdida numa algibeira rota, como me poderei deitar neste anonimato interno? apago-me com as luzes e espero dormir.
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